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PARASHA SHOFTIM, OS JUIZES
Kol Hamoshiach
PARASHAT CHOFTIM
Conteúdo da Parashá:
· O estabelecimento de tribunais judaicos em toda Erets Israel.
· É proibido plantar árvores no Beit Hamicdash.
· É proibido erigir uma matseva - um monumento destinado ao culto idólatra.
· Como o Beit Din castiga o idólatra.
· Todas as gerações futuras deverão estar de acordo com os decretos promulgados pelo Grande Sanhedrin e pelos Sábios da Torá.
· Zaquen Mamré - o castigo de um Sábio da Torá que da ordens contrárias às decisões do Sanhedrin.
· A mitsvá de designar um Rei Judeu.
· Não indagar sobre o futuro através de adivinhos - magos - astrólogos.
· As leis referentes às cidades de refúgio.
· Assagat Gvul - a proibição de remover os limites de outrem para ganhar terra.
· Leis referentes às testemunhas e o caso dos Edim Zomemim - a subordinação de testemunhas.
· A organização do exército judeu para a guerra.
· Oferecer a paz a qualquer cidade antes de atacá-la.
· Bal tashchit - não destruir nada que possa ser útil.
· Egla Arufa - o procedimento pelo qual se faz a expiação de um assassinato cujo autor é desconhecido
Resumo da Parashá:
FAZER A JUSTIÇA REINAR
Esta parashá de Shoftim trata dos fundamentos do poder na sociedade judia:
ÞO estabelecimento de tribunais judaicos, bem como várias leis relativas aos juizes.
ÞA colocação de um rei judeu e diversas leis relativas à guerra, que o rei dirige.
ÞConclui com a mitsvá da Egla Arufa - a bezerra da qual se rompe a nuca na qual juizes e cohanim desempenham um papel
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Após se estabelecer no país, o povo judeu devia cumprir 3 mandamentos:
1. Designar um rei judeu, escolhido pelo profeta de D’us e pelo Sanhedrin
2. Destruir Amalec
3. Construir o Beit Hamicdash
Para que o rei não tire proveito das suas funções para atender às suas ambições pessoais, a Torá impõe a ele três proibições e dois deveres.
a) Um rei não deve possuir cavalos que não lhe sejam necessários;
b) Um rei não deve casar com mais mulheres do que a Lei o autoriza;
c) Um rei não deve amassar mais riquezas do que a manutenção do seu exército exige.
a) Um rei tem a obrigação de escrever um Sefer Torá para seu uso pessoal.
b) Um rei tem o dever de ler partes do LIVRO DE DVARIM quando, a cada sete anos, o povo é convocado para uma reunião nacional (Haquel - a assembléia da nação).
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A) O ESTABELECIMENTO DE TRIBUNAIS JUDAICOS EM TODAS AS CIDADES DE ERETS ISRAEL
Moshé explicou: “O Grande Sanhedrin tem o dever de se assegurar que um tribunal judaico exerça suas funções em cada cidade de Erets Israel, bem como nas cidades situadas fora de Erets Israel e onde os judeus irão se estabelecer”.
· Este era o sistema judiciário que funcionava em Erets Israel na época do Beit Hamicdash:
Qualquer cidade com menos de cento e vinte habitante tinha um Beit Din (um tribunal judaico composto por três juizes). Estes juizes eram competentes para decidirem litígios financeiros mas não casos de vida e morte.
· Qualquer cidade com pelo menos cento e vinte habitantes possuía um “pequeno Sanhedrin”, quer dizer um tribunal composto por vinte e três juizes que tinham o poder de dar vereditos de pena capital.
· Ao redor do Monte do Templo, havia três tribunais:
1. Um Beit Din de vinte e três juizes na entrada do Monte do Templo
2. Um Beit Din de vinte e três juizes na entrada da Azara (Adro do Beit Hamicdash)
3. O Grande Sanhedrin, composto por setenta e um juizes, dos quais o Nassi (presidente), sessionava diariamente numa sala do Beit Hamicdash.
Os juizes eram ajudados pelos shotrim (guardas) que cuidavam de fazer entrar em vigor os julgamentos feitos.
Um candidato para a função de juiz era examinado em três áreas: o conhecimento da Torá, a inteligência, a aptidão para julgar. Se ele passava no teste e possuía, além disso, todas as outras qualificações necessárias (citadas na Parasha Dvarim), então um talmid chacham, que havia sido ele próprio ordenado por uma autoridade mais antiga, lhe dizia: “você está ordenado JUIZ (Smichá)”.
B) UM JUIZ DEVE IMAGINAR UMA ESPADA SUSPENSA SOBRE ELE E QUE O GUEHINOM (inferno) ESTÁ ABERTO SOB OS SEUS PASSOS. SE ELE PROCURA JULGAR COM A VERDADE, ELE ESCAPA DOS DOIS; SE NÃO, ELE É CASTIGADO POR AMBOS.
O julgamento equitativo só pode ser exercido quando não o inspiram a honra, o dinheiro ou qualquer outra consideração pessoal, e quando não se está favorecendo nenhuma das partes e quando nenhuma nos intimida.
Um dia o escravo do rei Yanai cometeu um assassinato.
R. Shimon ben Shetach, o presidente do Grande Sanhedrin, mandou que o assunto fosse julgado pelo Sanhedrin.
“Não convoquem somente o escravo mas também o rei Yanai” ordenou ele. “Como proprietário do escravo, ele tem a obrigação de ouvir os depoimentos.”
O rei Yanai aceitou o convite e se apresentou diante do tribunal, mas de uma maneira que sugeria aos juizes, de forma clara e sem nenhuma vergonha, a não condenar o seu escravo.
Fazendo sua entrada triunfal com o maior aparato da realeza, ele sentou na presença dos Juizes.
“Levanta, Yanai” o repreendeu R. Shimon ben Shetach “e escuta o depoimento de pé. Você não se levanta diante de nós mas diante dAquele que criou o universo.”
“Você é um simples particular e tuas palavras não tem a força de lei”, respondeu o rei com insolência. “Que o tribunal inteiro decida se devo ou não levantar! O que dizem então os outros membros?”
R. Shimon ben Shetach virou para sua direita para ver que seus colegas olhavam fixamente para o chão. Eles não ousavam desobedecer ao rei. Ele se virou então para os juizes da direita mas nenhum teve a coragem de mandar o rei se levantar. R. Shimon ben Shetach gritou: “A julgar pelo comportamento de vocês, está claro que vocês nunca tiveram a intenção de julgar este assunto de acordo com emet (a verdade). Fizeram o rei Yanai comparecer pensando que as testemunhas se intimidariam com sua presença e que seu escravo seria solto. Já que vocês nutrem maus pensamentos, possa Aquele que conhece os pensamentos do homem julgá-los!”
Com estas palavras, o anjo Gabriel apareceu, fez os juizes caírem por terra e eles morreram.
Este castigo teve este rigor porque o julgamento equitativo é um dos fundamentos da civilização.
C) É PROIBIDO PLANTAR ÁRVORES NO BEIT HAMICDASH
Os idólatras tinham o costume de plantar magníficas árvores “sagradas”, denominadas asherot na entrada dos seus templos.
Qual é a razão da Torá justapor a proibição de plantar uma ashera e a questão da nomeação dos juizes?
O culto rendido aos ídolos faz com que a shechina (PRESENÇA DIVINA) se afaste. O mesmo ocorre com a perversão da justiça.
Encontramos um exemplo no livro Shoftim, onde D’us manda o juiz Guidon: “Destrui o altar de Ba’al do teu pai e abate a ashera, a árvore, plantada ao lado.”
Para dissociar-nos desta prática idólatra, a Torá nos proíbe plantar qualquer árvore no Beit Hamicdash e nos seus arredores. Nossos Sábios estenderam a proibição a todo o Monte do Templo.
Mesmo se não temos outra intenção além de aumentar a beleza do Monte do Templo em honra de D’us, está proibido plantar nela uma árvore ou construir na mesma qualquer coisa de madeira, exceto o que é expressamente permitido.
D) O TALMUD NOS ENSINA “NÃO TE DESVIARÁS DAQUILO QUE ELES PRESCREVEM (os sábios da Torá), NEM PARA A ESQUERDA NEM PARA A DIREITA” (Shoftim - 17:11).
O Mestre do Universo ordenou que nos submetêssemos à autoridade última dos mestres da Torá, para preservar a unidade da Torá.
Se cada judeu interpretasse a Torá e aplicasse as mitsvot a seu modo, o mundo da Torá se veria totalmente desintegrado e a dissolução do nosso povo não tardaria em acontecer.
E) O CASTIGO DE UM SÁBIO DA TORÁ QUE DA ORDENS CONTRÁRIAS ÀS DECISÕES DO SANHEDRIN - Zaquen Mamré.
Se um judeu não obedece às ordens do grande Sanhedrin ou às dos chefes espirituais da sua geração, ele transgride um mandamento da Torá. Na época do Beit Hamicdash isso poderia resultar em pena capital se fossem preenchidas as condições seguintes:
um erudito da Torá, competente para decidir questões haláchicas, instruía outras pessoas a agirem contrariamente às ordens do grande Sanhedrin, ou perpetrava ele mesmo essas atitudes, era passível da pena capital, tendo se rebelado contra a autoridade do Sanhedrin - (corte Rabínica).
PORQUE CASTIGÁ-LO DE FORMA TÃO RIGOROSA?
A Torá nos ensina também a importância fundamental de obedecer Hashem através do que o Grande Sanhedrin formulou. Aquele que instruía outrem a agir em contradição com a decisão da maioria, mesmo sendo ele o maior erudito do Sanhedrin, devia ser executado. A Torá é eterna e este conceito é também eterno e em nossos dias, é preciso respeitar qualquer decisão tomada pela corte Rabínica em cada comunidade.
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Nossa Parashá começa com o mandamento divino de designar juizes e “guardas” (aqueles que fazem com que os julgamentos sejam respeitados) em todas as cidades, como está escrito “Juizes e policiais designarás para ti em cada uma das tuas cidades” (Dvarim XVI - 18). Este mandamento é enunciado na Torá da Verdade, que é eterna. Ele se aplica a todas as épocas e em todos os lugares (tempo - espaço).
Dentro desta mitsvá, temos também uma mitsvá que se adapta a cada um e a cada uma de nos. Cada judeu é, por ele mesmo, um mundo inteiro, um microcosmo; ele é semelhante ao universo. Assim, do mesmo modo que há no mundo cidades, casas, assim também, no pequeno mundo humano particular de cada indivíduo, existem cidades e regiões nas quais ele trabalha e vive.
Quais são essas regiões do indivíduo?
Þo pensamento - a região usada pelo homem quando ele pensa
Þa palavra - a região usada pelo homem quando ele fala
Þas ações - a região usada pelo homem quando ele age.
Nestas cidades devemos ter portões.
Que portas são essas?
O papel de uma porta é bem conhecido. Uma porta nos permite entrar na cidade; e graças à porta podemos introduzir qualquer tipo de coisa.
As portas também podemos fechá-las, quando precisamos; e então vai ser impossível passar.
A partir disso podemos aprender que qualquer criança, qualquer adulto, tem sua obrigação e a possibilidade de ter sucesso nela (lehatsliach), seja através do pensamento, da palavra ou dos atos, e tem também a possibilidade de controle sobre ela. Portanto ELE É O DONO NA SUA CIDADE.
Quando ele acorda para fazer coisas boas, isto é para cumprir mitsvot, para aprender a Torá, para rezar e também para ajudar o próximo (evidentemente), ele abre a porta e a deixa bem aberta.
Mas se, chas veshalom (D’us nos livre), a má inclinação (o Ietser Hará) tenta entrar - quer dizer inserir-se na sua área - ele deve fechar imediatamente a porta e não permitir sua entrada, já que sendo filho de Hacadosh Baruch Hu, ele deve se comportar de acordo com a vontade de D’us.
E O QUE QUER DIZER SE COMPORTAR DE ACORDO COM A VONTADE DE D’US?
O QUE QUEREM QUE EU FAÇA?
Com os Olhos: vemos, estudamos o que está escrito nos livros que D’us nos deu, e por meio desses ensinamentos sabemos exatamente como nos comportar bem.
Com os Ouvidos: ouvimos os ensinamentos de nossos professores e guias, que nos mostram como nos comportar de acordo com a Torá.
Com o Nariz: respiramos um ar puro e Cadosh (sagrado), uma atmosfera agradável, impregnada de Torá e Mitsvot
Com a Boca: só introduzimos alimentos e bebidas casher; também pronunciamos palavras de Torá.
A propósito dessas cidades, nossos olhos, ouvidos, nariz e boca, cada uma tem sua porta.
Quando tentamos introduzir comida não casher, automaticamente ela fecha a porta e não o come.
Quando o ar não é puro (ambiente insalubre), de imediato ela começa a procurar um lugar com ar puro (purifica-se a atmosfera de um local com palavras de Torá, que afastam os maus odores). E onde se encontra um ambiente agradável? Esse ar puro pode estar numa Ieshivá, num Talmud Torá, numa sinagoga... Como é bom viver lá!
E os olhos, eles só se abrem para olhar os bons livros sagrados (que D’us criou para isso)
E as orelhas só foram criadas para ouvir boas palavras. Quando ouvem falar coisas não adequadas, coisas vulgares, elas se fecham.
Quem decide quando abrir e fechar as portas das cidades da nossa vida? é o shofet (juiz).
O que é o juiz para a cidade do microcosmo do homem?
O juiz é a inteligência que se encontra dentro de nos. O intelecto tem o poder de decidir sobre o SIM e o NÃO.
E o “guarda” que está dentro de nós expressa na sua realização o que o juiz quer e faz cumprir o que ele ordena.
Por exemplo: Alguém deseja comer uma coisa. O juiz precisa, antes de comer, pensar com muita atenção e seriamente: “Será que esse alimento é bom de acordo com a Torá ou não?” Se o juiz decidir que o alimento é permitido, ele passa a pensar na Brachá (Bênção) que deve fazer antes de comê-lo. Mas se o juiz decide que de acordo com a Torá (e não de acordo com sua vontade), o alimento é proibido, é preciso fechar imediatamente a porta da boca e proibir a introdução de qualquer alimento não casher já que D’us disse que esse alimento é proibido para um judeu.
Essas regiões, governadas pelos seus próprios juizes e policiais para ficarem organizadas, constituem toda a nossa alegria. Um juiz pode ser uma criança, um adulto, não importa a sua idade. D’us só espera de nos que saibamos julgar bem e que sejamos um bom “policial” que aplica a sentença.
Quando todos julgarmos de maneira correta, sem compromissos, sem corrupção, e realizarmos o que está escrito na Torá, com a ajuda de D’us, poderão se instalar os juizes do Grande Sanhedrin que haverá no Terceiro Beit HaMicdash, que seja construído em breve, com a redenção real, completa e eterna graças a Mashiach Tsidqueinu!
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