vestido de noiva
VESTIDO DE NOIVA OU VESTIDO DE...
Ele tentava juntar um pouco de dinheiro para esta importante mitsvá: ajudar uma moça judia a casar. Mas os tempos eram duros, os judeus do povoado não tinham economias e não podiam dar mais que umas moedas simbólicas.
Mas ele não ia desistir fácil e decidiu bater em todas as portas para obter o que precisava. Na esquina, ele viu uns vagabundos passeando que observavam seus esforços. Eles decidiram aproveitar da situação para se divertir. Se aproximaram e propuseram uns rublos para a causa da qual ele parecia se ocupar, mas com uma condição: passear pela rua toda, ida e volta, vestido com uma batina de padre.
No princípio, ele nem quis escutar o que os vagabundos diziam, Mas a oferta era sedutora. Não, ele não temia o ridículo. Ele estava pronto a se rebaixar, não era a primeira vez que deveria engolir a dignidade. Mas mesmo assim! Vestir uma roupa de um ... Isto estava além das suas forças, era o oposto de todos os seu princípios, da sua educação, do seu corpo e da sua alma!
Ele refletiu sobre o assunto; ele pensou na noiva, coitada, como devia estar desesperada, ela que nem conseguia sonhar no dia mais feliz da sua vida, enquanto não tinha nem dinheiro para comprar um vestido, sem contar com todas as outras despesas... Não, para não imaginar o embaraço dela, era melhor que ele mesmo se rebaixasse e obtivesse os 2.000 rublos que ela precisava.
Este judeu simples mas verdadeiramente justo endossou a roupa do padre e passeou ao longo da avenida principal sob as risadas e o deboche dos vagabundos. Os rublos choviam sobre ele. Finalmente, ele obteve a importância necessária e fugiu correndo para casa, enquanto todos riam e debochavam. Ele tirou a batina que o tinha feito sofrer tanta vergonha e a escondeu debaixo de um monte de roupas, no fundo de um armário.
O tempo passou. A jovem teve o casamento mais bonito que podia ter imaginado e se instalou numa bonita casa.
Um dia, o Rabino de Tsanz foi fazer uma visita de improviso a este judeu. Ele bateu na porta e na hora que o judeu abriu, ele explicou a finalidade da sua visita.
“Um perfume do Jardim do Éden emana desta casa. Você pode me dizer por que”? O judeu estava em estado de choque. Imaginem, o rabino ia na casa dele e com um pretexto tão estranho!
“Você se engana, não é certamente desta casa!” respondeu.
“Não”, respondeu o Rabi, fascinado pelo perfume que só ele percebia.
“Tenho certeza que é esta a casa abençoada. Você poderia me dizer porque?”
O judeu protestou, ele não tinha nem idéia do que o Rabino queria dizer. Não havia nada de especial em sua casa, nada de extraordinário tinha acontecido, nunca. O Rabino de Tsanz pediu permissão para visitar a casa. “Claro” respondeu o judeu. O Rabino entrou em cada aposento mas nada satisfazia a sua curiosidade. Finalmente, abriu um armário: “O perfume do Gan Eden vem daqui!” disse sem hesitar. Ele procurou debaixo do monte de roupas e descobriu ... uma batina de padre!
Intrigado, o rabino olhou para a roupa de ... enfim, era uma coisa que não deveria especialmente ser encontrada na casa de um judeu. “O que é ....isso? e porque se encontra aqui? E de onde vem este perfume tão extraordinário?” Sem jeito, o judeu balbuciou uma explicação sobre o motivo desta roupa estar em seu armário.
O Rabino ficou aliviado. “Claro, é daqui mesmo que vem o perfume do Gan Eden. Porque você consentiu em vestir essa roupa e sentir vergonha, para evitar que uma pobre noiva ficasse envergonhada, e porque você fez pouco caso da tua própria pessoa e das tuas convicções mais íntimas, você mereceu que toda tua casa fique impregnada, até agora, com o perfume do Gan Eden!”